quarta-feira, outubro 17

desculpem marujos,
essas vestimentas não me cabem.
só o que me cabe é a cretinice
santa cretinice
dessa eu não me dispo
nem por todo o teu ópio.

não adianta insistir.

mas do resto, eu me desfaço
(quase sempre)
facinho

quarta-feira, outubro 10

tramitando é a palavra mais angustiante de todos os tempos.

terça-feira, outubro 9

Este é mais do que um retrato do meu dia, é quase o retrato da minha vida; ou de uma de suas faces. Face, não fase.

segunda-feira, outubro 8


Nessa madrugada vi pela primeira vez Onde jaz o teu sorriso?, filme de Pedro Costa, onde acompanhamos parte do processo de montagem do filme Gente da Sicília, do casal Huillet-Straub. É um filme sobre o respeito com o cinema (e como os dedos de Huillet são delicados com a película), sobre a bonita e sensível e também tempestuosa relação do casal, mas é também sobre a eloquência de Straub e a sobriedade de Huillet, e de como é rica (e divertida) essa parceria cinematográfica, que nasceu do amor pelo outro, do amor pelo cinema. Straub narra o início de sua relação com Huillet e suas lembranças de cinema no mesmo tom de paixão; inerente, inseparável. Sou brega e acho isto lindo. Da cena final nem consigo escrever, as lágrimas de antes me impediram de ser o mínimo coerente. Gosto das palavras do Bragança:

"Porque em algum lugar nos olhos ausentes de Huillet, sua montadora, sua montadora (acima de tudo!!), Straub parece saber: o filme está acontecendo. Do jeito que ele queria. Do jeito que ela queria. Embora ele continue insatisfeito e irritado... Porque ela e está lá, dentro da sala, para ver (e lhe mandar calar por um instante)".


Mas o que mais me emocionou no filme, foi observar a deferência com que tratam o processo de montagem, com que tratam o filme. Chega ao nível do absurdo a precisão que Huillet busca, os significados que Straub tenta encontrar para cada ruído e piscadela. Eles me fazem ter vergonha de dizer dos meus sentimentos pelo Cinema, pois aquilo sim é paixão; mas, ao mesmo tempo, me fazem amar ainda mais essa arte, amar a paixão deles, amar esse cinema que fazem - e que não se encontra acesso. Um amor platônico esse meu. Derivando diretamente da idéia de Platão, um amor que não se baseia em um interesse trivial, mas nas virtudes.

E se há um cinema virtuoso, esse cinema é o de Huillet e Straub.

domingo, outubro 7

"Sou um homem que se devora? Não, é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos meus modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus. Vivo em escuridão da alma, e o coração pulsando, sôfrego pelas futuras batidas que não podem parar".
Clarice Lispector

sábado, outubro 6

hoje descobri que Grito das Formigas, aquele filme que me arranhou os ossos ano passado, é do Mohsen Makhmalbaf. fez todo o sentido.












e a Mostra está chegando (:

quinta-feira, outubro 4

no es la vida.
ni el mundo, ni nadie.

soy yo y mis botones.

quarta-feira, outubro 3

Uma jovem andarilha morre de frio: apenas mais uma banalidade de inverno.
Agnès Varda

terça-feira, outubro 2

"I think it's really funny that they study dolphins, and they're always trying to study the language of dolphins, and you see some guy with all these millions of dollars of computer and they're trying to decode what the dolphins are saying. Meanwhile, the dolphin swims up and says, "I want fish" in English. They can learn our language easily, so it just seems so odd to me.

We don't look in the right places for the answers to things. Some insects can communicate over long distances. It doesn't seem people are interested in understanding those things. Anyway, I don't know what that has to do with the question. "I want fish." And dolphins don't have to pay rent, they don't have to pay insurance. They eat, they play, they have sex, they cruise around, they talk to each other. I think they're more highly evolved".

Jim Jarmusch

segunda-feira, outubro 1

Filmes de Setembro

O Quarto Verde (La chambre verte, 1978) de François Truffaut – 1/5

Ulysse (1982), de Agnés Varda – 4/5

Salve o Cinema (Salaam Cinema, 1995), de Mohsen Makhmalbaf – 4/5

Cléo das 5 às 7 (Cléo de 5 à 7, 1961), de Agnés Varda – 5/5

O Informante (The Insider, 1999), de Michael Mann – 4/5

No Direction Home (2005), de Martin Scorsese – 4/5

Os Excêntricos Tenenbaums (The Royal Tenenbaums, 2001),

de Wes Anderson – 3/5

Made in U.S.A. (1966), de Jean-Luc Godard – 3/5

Estrada Perdida (Lost Highway, 1997), de David Lynch – 4/5

Os Idiotas (Idioterne, 1998)*, de Lars Von Trier – 4/5

Elefante (Elephant, 2003)*, de Gus Van Sant – 2/5

Eu Te Saúdo, Maria (Je vous salue, Marie, 1985)*, de Jean-Luc Godard – 5/5

Medos Privados em Lugares Públicos (Coeurs, 2006), de Alain Resnais – 4/5

Flores Partidas (Broken flowers, 2005)*, de Jim Jarmusch – 4/5


*revistos