quarta-feira, novembro 28


as noites têm sido tuas, jay-jay.

segunda-feira, novembro 26

os carros estacionados, com seus faróis apagados, parecem-me olhos compreensivos a me observar.
sozinha no meio do mar.

sábado, novembro 24

sexta-feira, novembro 23

Texto de Serge Daney, sobre o cinema de Huillet-Straub, extraído do livro “A Rampa”:


Humanismo ou homenismo?


No momento de estréia de Fortini Cani, Straub declarou que seu filme se parecia a algum de Hawks. Essa comparação não convenceu ninguém e chegou mesmo a chocar. Ao ver Dalla nube, perguntei-me se não seria preciso levá-lo a sério. Os dois cineastas têm um ponto em comum: um interesse quase total por somente o corpo humano: um corpo tagarela e em movimento. Um corpo masculino. Seu humanismo também reside em um jogo de palavras: trata-se do homem (espécie biológica), do Homem (essência humana) ou do homem (o humano sob a forma masculina)? Muito já se falou da misoginia hawksiana, mas pouco se disse dos Straubfilmes sob o ângulo da diferença dos sexos. No entanto, é claro que estamos, ao menos desde Leçons de histoire [Lições de história], num mundo heróico, guerreiro, onde as mulheres são raras a ponto de desaparecer quase totalmente de Dalla nube. Nenhuma mulher nos Straubfilmes, não vejo a figuração feminina. Também não existe mãe. Sem dúvida porque ao olhar de uma mãe, o “humanismo”, isto é, o heroísmo sem causa que seu pimpolho divide com seus pequenos camaradas, será sempre um pouco derrisório, tocante e sem grande alcance. O humanismo, isso se vê cada vez mais, é uma invenção dos homens; é, como diz Lacan, um “homenismo”, a versão simpática e sublimada da aliança dos homens contra as mulheres.

Dalla nube alla resistenza abre-se sobre a imagem um pouco irreal de uma deusa (admirável Olimpia Carlisi) e fecha-se sobre a narrativa da morte de uma mulher, Santa, que os partisans tiveram de assassinar porque ela os traiu, e eles também. No início da nuvem e no fim da resistência existe então um jogo, um duplo pertencimento que traz por duas vezes a figura feminina. Uma figura que materializa o entorno do qual os Straub filmam: a traição. Porque além dessas histórias de deuses desocupados e homens revoltados, parece-me que Jean-Marie Straub e Danièle Huillet falam silenciosamente de alguma coisa que permanece imensamente desconhecida (porque desse desconhecimento depende a solidez do meio social): que existe uma indiferença profunda das mulheres por toda crença num ideal. Uma indiferença que contrasta secamente com a piedade um pouco melodramática na qual são tecidas as relações entre os homens. Eis o que resiste ao humanismo e nutre, por sua vez, o homenismo: a mulher. A mulher: o que resiste àquele que resiste, o homem. A mulher, a rocha. Porque não se atinge a rocha com palavras (terceiro diálogo). A rocha: elemento indestrutível que Straub, em nada panteísta, evita chamar de natureza. As coisas do mundo são rocha, diz o cego Tirésias – que foi durante sete anos mulher –, a um futuro cego –, que se chama Édipo.

terça-feira, novembro 20

quando dormir se torna uma utopia,
é melhor você lavar bem o rosto.
semanadecinema.blogspot.com

participem.

segunda-feira, novembro 19

si, Lucrecia.
nuestro infierno astral empezó.

quarta-feira, novembro 14

10 coisas para se fazer nas férias

Pode parecer (e ser) babaca, mas essas listas, "nessa altura do campeonato" (sempre quis usar essa), ajudam a dar um fôlego bom. E também a tornar os dias insuportáveis. Mas é, sem dúvidas, a melhor coisa para se fazer quando você está desesperada(o) por causa de um trabalho que precisa entregar em algumas horas.


1. fazer pelo menos um curta
2. ver um número exagerado de filmes
3. voltar às séries
4. ler pelo menos 4 livros (2 de literatura, 2 de cinema, além das hqs)
5. ir ao menos 3 vezes na praia durante todo o verão
6. tentar escrever um pouco sobre cinema
7. usar protetor solar
8. controlar o uso da internet
9. caminhar em algumas manhãs
10. jogar novos jogos

terça-feira, novembro 13

no fim do semestre tudo que quero é um tripé.
as câmeras que são felizes.

domingo, novembro 4

Filmes de Outubro

Poliedro e 31ª Mostra de Cinema de SP me deixaram ausente do blog, da internet, da rotina - e digo: graças! Viver esse tempinho de cinema (seja como espectadora ou fazedora) faz o caminho ganhar um chão mais sólido, colocar as peças no lugar e a certeza que se reafirma.

Pois, repasso os filmes de outubro:

Dead Man (1995), de Jim Jarmusch – 5/5

Down By Law (1986)*, de Jim Jarmusch – 4/5

Year Of The Horse (1997)*, de Jim Jarmusch – 3/5

Onde Jaz o Teu Sorriso? (Où gít votre sourire enfoui?, 2003), de Pedro Costa – 5/5

Últimos Dias (Last days, 2005)*, de Gus Van Sant – 3/5

Rei de Nova York (King of New York, 1990), de Abel Ferrara – 4/5

Tropa de Elite (2007), de José Padilha – 3/5

Festa de Família (Festen, 1998)*, de Thomas Vinterberg – 4/5

[início da Mostra]

Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho - 5/5

A Viagem do Balão Vermelho (La voyage du ballon rouge, 2007), de Hou Hsiao-Hsien - 5/5

One + One (1968), de Jean-Luc Godard - 1/5

Tabu (1931), de Friedrich Wilhelm Murnau - 5/5

Um Lugar no Cinema (Un lugar en el cine, 2007), de Alberto Morais - 2/5

Senhores do Crime (Eastern promises, 2007), de David Cronemberg - 4/5

I'm Not There (2007), de Todd Haynes - 5/5

Prazeres Desconhecidos (Ren xiao yao, 2002), de Jia Zhang-ke - 4/5

El Otro (2007), de Ariel Rotter - 3/5

Truques (Sztuczki, 2007), de Andrzej Kajimowski - 2/5

Caixas (Boxes, 2007), de Jane Birkin - 4/5

Paranoid Park (2007), de Gus Van Sant - 5/5

Antes que o diabo saiba que você está morto (Before devil knows you are dead, 2007), de Sidney Lumet - 2/5

Redacted (2007), de Brian de Palma - 4/5

La León (2007), de Santiago Otheguy - 1/5

Go Go Tales (2007), de Abel Ferrara - 3/5

[filmes de 01/11, últimos da Mostra:]

A Amada (L'Aimée, 2007), de Arnaud Desplechin - 2/5

Caótica Ana (2007), de Julio Medem - 0/5

En la Ciudad de Sylvia (2007), de José Luis Guerín - 5/5


*revistos