sexta-feira, março 21

sábado, março 15


Babe, it's time we give something new a try
Sim, foi lindo, valeu a pena, tudo. E quando eu digo tudo é bastante coisa mesmo: pegar chuva na fila, ouvir a droguinha de moptop durante umas dez músicas, ver uma caixa de som quase explodir e quase matar o Daniel bem no fim do show, esperar um bom tempo para que eles voltem e resolver ir embora cinco minutos antes de eles voltarem, sair da fundição progresso e ter que enfrentar um rio (não a cidade, um rio mesmo, de água) na rua, pois o rio de janeiro estava inundado, esperar muito tempo para conseguir um táxi, embaixo de mais chuva, e é. Tinha uma árvore enorme caída no chão da nossa rua.
Mas sabe, eu quase chorei em Lighthouse. O Daniel dança bonitinho, Carlos D viajava com aquele baixo, Paul tem mesmo aquela voz de tirar o fôlego. Eles tocaram muito bem, foi lindo, lindo-lindo, só consigo dizer isso.
Life is wine, enfim.

quinta-feira, março 13

sete dias em terras redentoras

sexta-feira: depois de 18 horas doloridas dentro do ônibus de maioria estrangeira, chegamos, finalmente: eis a cidade maravilhosa!, com sua belíssima avenida brasil e toda a sujeira e decadência que ela carrega consigo. olha ali: a primeira favelinha.
puta tensão na rodoviária, e não somente pelo peso de se estar no rio de janeiro - e no centro do rio de janeiro, o que deixa tudo mais tenso e mais feio -, mas também pela quantia de bagagem, pela malandragem dos tiozinhos que carregam as malas, pelo pessoal irritado. Ok, o táxi conseguimos um grande. de sobra, recebemos um motorista tagarela e cheio da graça. a glória é bonita e velha, suja e caótica, como a maior parte dos bairros cariocas que surgem antes de copacabana. o apartamento da tia Dora é muito elegante, é aconchegante, é antiguíssimo. quero as janelas dele para mim. e as vistas dessas janelas nos nossos filmes.
depois à cinelândia, ou o que restou dela. dá pra se empolgar, dá pra desanimar, depende do ponto de vista. sem tempo para explicar aqui. niterói é formosinha, é sujinha, é bonita sim. mas não dá pra negar que uma das coisas mais bonitas que se vê por lá é a vista do rio de janeiro - malditos cariocas. o prédio do iacs (onde fica o curso de cinema)... ãhn... digamos que o nosso prédio da ufsc é tãão bonito e tãão novinho e tãão organizado. é, lá as coisas parecem mais escassas, mais caóticas, um pouco decadentes. mas garanto: nada nos fez perder o entusiasmo. e universitário é tudo igual, em qualquer lugar, com aquela cara de universitário. os calouros daqui ficam mais pintados do que os nossos ficavam.
19h00 é hora de criança estar na cama; ainda mais criança viajada.

sábado: glória, catete, flamengo, o aterro, tudo a pé. dia lindo (o que significa suor em excesso)! é gostoso andar ali, não dá pra negar a beleza das praias, dos prédios. a tranqüilidade das pessoas. a água de côco. nada se nega aqui, é uma cidade-postal enfim. chegamos ao botafogo, nas origens de felipe. é um bairro com charme de sobra. queria me esconder e ficar por ali, num daqueles apartamentos de mais de meio século. ah sim, cerveja em cada canto, e muita fritura, é disso que carioca gosta. gostam de jornais também, deveras.
esqueci de contar o que se reafirma a cada dia desde o primeiro minutinho na cidade: cariocas são muito solícitos, assim, em demasia. mas por mais que eles queiram, eles não sabem dar informação. para eles, direita e esquerda são palavras bonitas desprovidas de sentido: jamais confie na esquerda e na direita de um carioca, se precisar de uma informação, fique atento ao desenho que ele faz no ar com a mão; interpretar o que aquela mão quis te dizer é difícil, mas se conseguires, eles nunca erram. e não sabem nomes de ruas, não tem jeito.
depois, tomar uma cerveja e uma caipirinha, às 10h00 da manhã, de frente pro mar de copacabana, não tem preço. quer dizer, tem. e a cerveja é cara, mas a caipirinha não. guarde sempre 1 real para a banda de pagode que vai chegar perto de ti, com sorte, tocando jorge ben.
e o pão-de-açúcar, ali do ladinho, meu bem.
perdemos o novo do wes anderson (a sessão lotou, o povo aqui gosta de cinema), e acabamos assistindo "a morte de george w. bush". ruiiiimmm.
foi ali no botafogo a sessão, com subway na frente e lojinhas de souvenirs de cinema, quase uma são paulo né.

domingo: voltinha rápida pela manhã no jardim do palácio do catete. esse getúlio vivia bem, viu.
almoço em família, os primos dos estados unidos estão aqui, com direito a histórias da bulgária e da romênia.
depois a gente foi ao cineodeon (de volta à cinelândia, claro, sempre), estava rolando um evento da revista piauí. vimos por desgraça do destino "o último rei da escócia", e depois assistimos a uma mesa que debatia "perfis" (no cinema, de preferência), que contava com a presença de walter salles, karim ainouz, uma jornalista da piauí, um professor de história da usp (o que escreveu a biografia de d. pedro) e o diretor de um filme chamado "personal che". foi meia-boca, bacana por ouvir falar dos processo de pesquisa e gravação de madame satã e diários de motocicleta. karim é um homem sensato. walter um pouquinho cheio de si. o joão salles estava lá, rindo das coisas. e devemos constatar que havia debates do cineclube mais cheios que aquilo ali - talvez cariocas não gostem tanto assim de cinema.
voltamos bem à noite para casa, e a tranqüilidade nos espanta. não é nenhum rio da novela das 8, mas não é o rio de cidade de deus. pelo centro e pela zona sul, você pode ser uma pessoa sem neuras com assaltos. claro, não se descuide, nunca: você está no rio de janeiro.

segunda-feira: romaria pelos sebos do centro. ok, esse centro (que é o centro-centro) evite! coisa feia, de dar medo. calor do caralho. salvos pelo arquivo nacional (antiga casa da moeda) e seu delicioso ar-condicionado. luís de camões é a rua para quem quer vários sebos, desses grandes (mas os baratos ficam lá por copacabana, onde eles não sabem dar valor aos livros). recomendo o restaurante reino vegetal, vegan e saboroso, dessa mesma rua.
pela noite voltamos ao odeon, para ver "a marca da maldade" em película. o debate de hoje era sobre "poder", com joão salles e escorel, mas não deu pra entrarmos, dessa vez estava cheio, e o filme do Welles acabou atrasado - o que não importa, pois foi uma experiência absurda ver aquilo em película, sentir os porquês dos contra-plongés e até mesmo ver a película quase queimar num momento.

terça-feira: primeiro dia de aula, não teve aula de manhã. ou teve, nem sabemos. mudaram os horários, uma bagunça. a tarde a aula de tv e vídeo, professor novo substituto, parece promissor. trabalha na futura, no multishow. ah. e aqui são quatro horas de aula SEM INTERVALO. de verdade. são poucos os que fazem. mas o bar ali do campus, vende coca-cola a um real. demorô.
conhecemos nosso apartamento em icaraí, uma graça. a vista é mar e pão-de-açúcar.

quarta-feira: aula de argumento e roteiro com o famoso Tunico. não é famoso à toa, ele é bom, muito parece. mas vai dar trabalho. assistimos "in a lonely place" do nicholas ray, e essa é a única sala com ar-condicionado. a única com tv também, eu acho. agradeçam pela ufsc, reclamamos de barriga cheia, no que diz respeito às estruturas.
tarde na reitoria que fica na beira da praia - coisas de carioca, vai dizer. noite aula de francês.

hoje é quinta. perdemos a aula de produção. talvez role show do interpol. meu tempo esgota aqui.



terça-feira, fevereiro 26

quinta-feira, fevereiro 21

tudo vai, tudo vem, tudo veio, tudo foi

tudo vai.

foi.


ouvia green day com quinze anos. aquela música voz-violão dizia que i hope you had the time of your life.

I hope.


nem toda cicatriz é bonita.

sábado, fevereiro 16

o mar mandou que calasse
o horizonte a engoliu por inteiro
- como de costume -
e os avós ali, saltando na água

o gado deitado dizia da chuva que vinha
seus olhos secaram
e os avós ali

segunda-feira, fevereiro 11

o seguro morreu de velho e vendo televisão.
Niterói, here we come (almost).

sábado, fevereiro 2

filmes de janeiro

O Amante de Lady Chatterley (Lady Chatterley, 2006), de Pascale Ferran - 1/5
Caminho Sem Volta (The Yards, 2000), de James Gray - 4/5

Colateral (Collateral, 2004), de Michael Mann - 4/5

Conduta de Risco (Michael Clayton, 2007), de Tony Gilroy - 3/5

A Conquista da Honra (Flags of our Fathers, 2006), de Clint Eastwood - 3/5
Dr. Fantástico (Dr. Strangelove, 1964), de Stanley Kubrick - 4/5
O Gângster (American Gangster, 2007), de Ridley Scott - 3/5

Treze Homens e um Novo Segredo (Ocean's Thirteen, 2007), de Steven Soderbergh - 3/5

Zodíaco (Zodiac, 2007), de David Fincher - 3/5



Bom mês, bom. Não encontrei a foto da Charlize Theron desfigurada, adoraria postar aqui. James Gray filho da puta, muito prazer.

sexta-feira, fevereiro 1


Não vai ser dessa vez que vou ver Dylan vivo. Obrigada Brasil.

quarta-feira, janeiro 30


Caminho sem volta, Conduta de Risco, O Gângster.

Como eu não vi o Liniers no cinema ainda?

segunda-feira, janeiro 14

21 anos, 1 mês e quase 9 horas de vida.
Já chegamos na metade do mês e ainda não repassei a lista dos filmes do mês passado: gafe!
Não que alguém realmente esteja interessado em uma lista de nomes soltos com notinhas fáceis e ausentes de comentários. Mas eu estou, gente. Tá certo que mês passado vi apenas 5 filmes, (...) conseqüências da nova vida de operária. E ainda eu tinha planos de fazer o balanço do ano... vou me contentar com outra listinha dos 10 melhores vistos (que nada tem a ver com data de lançamento, apenas com o seguinte critério: filmes que vi pela primeira vez em 2007). Quem sabe depois eu escreva breves impressões sobre cada um deles (era essa a idéia, confesso), mas Interlúdio - o curta-projeto-pessoal-de-férias - é algo bem mais atraente para refletir no momento. Por isso, vamos se contentar com o estilo Nick Hornby de ser.

Enfim, filmes vistos em dezembro de 2007:

O Crocodilo (Il Caimano, 2006), de Nanni Moretti - 4/5
A Culpa é do Fidel (La faute à Fidel, 2006), de Julie Gravas - 2/5
Bee Movie - A História de uma Abelha (2007), de Steve Hickner e Simon J. Smith - 3/5
Antes só do que mal casado (The heartbreak kid, 2007), dos irmãos Farrely - 1/5
Os Anjos Exterminadores (Les anges exterminateurs, 2006), de Jean-Claude Brisseau - 1/5

E o top 10 filmes vistos em 2007:

1. Bom Trabalho (Beau Travail, 1999), de Claire Denis
2. I'm Not There (2007), de Todd Haynes
3. A viagem do balão vermelho (Le voyage du ballon rouge, 2007), de Hou Hsiao-Hsien
4. Onde jaz o teu sorriso? (Où gít votre sourire enfoui?, 2003), de Pedro Costa
5. Crônica de Anna Magdalena Bach (Chronik der A. M. Bach, 1968), de Danièlle Huillet e Jean-Marie Straub
6. Fogo contra Fogo (Heat, 1995), de Michael Mann
7.
Paranoid Park (2007), de Gus Van Sant
8. En la ciudad de Sylvia (2007), de José Luís Guerín
9. Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho
10.
Os catadores e a catadora (Les glaneurs et la glaneuse, 2000), de Agnés Varda




Vi 153 filmes esse ano. Doze a mais que 2006. Número muito reduzido ainda, especialmente se comparado a 2005 em que vi 213. Sim, não sou cinéfila de plantão. Mas é que eu faço cinema.

segunda-feira, dezembro 31

sábado, dezembro 15

ai, Lucrecia,
viejitas estamos.
casi como las películas:
rebasadas,
pero sin perder el encanto.

sábado, dezembro 8

top 5 considerações do agora:

1. percebo que costumo encarar as férias como intermináveis, como se fossem a minha terra do nunca. provavelmete alguma síndrome infantil mal/não-curada.

2. é 3 em 1:
cliente A: não, elton john definitivamente não foi um integrante dos beatles;
cliente B: tenho quase certeza de que rita lee nunca fez parte de um grupo chamado andróides;
cliente C: desculpe, meu universo de música cigana é limitado. por mais que você as cante para mim.

3. mais um dia para nós, huillet, mais um dia.

4. a minha morte-2006-de-bobdylan é explicada pelos estudos médicos atuais como um erro do cérebro, problema da região frontoparietal.

5. visite a loja saraiva, temos ótimas promoções esperando por você.

segunda-feira, dezembro 3

- nossa, quando eu era criança eu adorava essa música do calhambeque.
- é muito boa, também gostava. qual é mesmo o nome desse cara?
- que cara?
- do vocalista? dessa banda!
- ...Roberto Carlos?!

domingo, dezembro 2

Filmes de Novembro

A Amada (L'Aimée, 2007), de Arnaud Desplechin - 2/5
Borat (2006), de Larry Charles - 1/5
Brasília, Contradições de uma Cidade Nova (1967), de Joaquim Pedro - 3/5
Caótica Ana (2007), de Julio Medem - 0/5
Cinema Novo (1967), de Joaquim Pedro - 4/5
Couro de Gato (1960), de Joaquim Pedro - 4/5
Em Busca da Vida (Sanxia haoren, 2006), de Jia Zhang-ke - 4/5
En la Ciudad de Sylvia (2007), de José Luis Guerín - 5/5
Estranhos no Paraíso (Stranger than paradise, 1984)*, de Jim Jarmusch - 5/5
Five Dedicated to Ozu (2003), de Abbas Kiarostami - 4/5
Garrincha, Alegria do Povo (1962), de Joaquim Pedro - 4/5
Gimme Shelter (1970), de Albert e David Maysles & Charlotte Zwerin - 3/5
Leis de Família (Derecho de familia, 2005), de Daniel Burman - 3/5
Les Mains Négatives (1978), de Marguerite Duras - 3/5
Macunaíma (1969)*, de Joaquim Pedro - 5/5
Noite e Neblina (Nuit et brouillard, 1955), de Alain Resnais - 3/5
O Aleijadinho (1968), de Joaquim Pedro - 2/5
O Mestre de Apipucos (1959), de Joaquim Pedro - 2/5
O Padre e a Moça (1965), de Joaquim Pedro - 5/5
O Poeta do Castelo (1959), de Joaquim Pedro - 4/5
Planeta Terror (Planet Terror, 2007), de Robert Rodriguez - 3/5
Terra Sem Pão (Las hurdes, 1933), de Luis Buñuel - 4/5

(* = revistos)

quarta-feira, novembro 28


as noites têm sido tuas, jay-jay.

segunda-feira, novembro 26

os carros estacionados, com seus faróis apagados, parecem-me olhos compreensivos a me observar.
sozinha no meio do mar.

sábado, novembro 24

sexta-feira, novembro 23

Texto de Serge Daney, sobre o cinema de Huillet-Straub, extraído do livro “A Rampa”:


Humanismo ou homenismo?


No momento de estréia de Fortini Cani, Straub declarou que seu filme se parecia a algum de Hawks. Essa comparação não convenceu ninguém e chegou mesmo a chocar. Ao ver Dalla nube, perguntei-me se não seria preciso levá-lo a sério. Os dois cineastas têm um ponto em comum: um interesse quase total por somente o corpo humano: um corpo tagarela e em movimento. Um corpo masculino. Seu humanismo também reside em um jogo de palavras: trata-se do homem (espécie biológica), do Homem (essência humana) ou do homem (o humano sob a forma masculina)? Muito já se falou da misoginia hawksiana, mas pouco se disse dos Straubfilmes sob o ângulo da diferença dos sexos. No entanto, é claro que estamos, ao menos desde Leçons de histoire [Lições de história], num mundo heróico, guerreiro, onde as mulheres são raras a ponto de desaparecer quase totalmente de Dalla nube. Nenhuma mulher nos Straubfilmes, não vejo a figuração feminina. Também não existe mãe. Sem dúvida porque ao olhar de uma mãe, o “humanismo”, isto é, o heroísmo sem causa que seu pimpolho divide com seus pequenos camaradas, será sempre um pouco derrisório, tocante e sem grande alcance. O humanismo, isso se vê cada vez mais, é uma invenção dos homens; é, como diz Lacan, um “homenismo”, a versão simpática e sublimada da aliança dos homens contra as mulheres.

Dalla nube alla resistenza abre-se sobre a imagem um pouco irreal de uma deusa (admirável Olimpia Carlisi) e fecha-se sobre a narrativa da morte de uma mulher, Santa, que os partisans tiveram de assassinar porque ela os traiu, e eles também. No início da nuvem e no fim da resistência existe então um jogo, um duplo pertencimento que traz por duas vezes a figura feminina. Uma figura que materializa o entorno do qual os Straub filmam: a traição. Porque além dessas histórias de deuses desocupados e homens revoltados, parece-me que Jean-Marie Straub e Danièle Huillet falam silenciosamente de alguma coisa que permanece imensamente desconhecida (porque desse desconhecimento depende a solidez do meio social): que existe uma indiferença profunda das mulheres por toda crença num ideal. Uma indiferença que contrasta secamente com a piedade um pouco melodramática na qual são tecidas as relações entre os homens. Eis o que resiste ao humanismo e nutre, por sua vez, o homenismo: a mulher. A mulher: o que resiste àquele que resiste, o homem. A mulher, a rocha. Porque não se atinge a rocha com palavras (terceiro diálogo). A rocha: elemento indestrutível que Straub, em nada panteísta, evita chamar de natureza. As coisas do mundo são rocha, diz o cego Tirésias – que foi durante sete anos mulher –, a um futuro cego –, que se chama Édipo.